No mundo astral foram sendo organizadas as linhas de
Trabalho Espiritual dentro da Umbanda,
que utilizando os arquétipos do povo brasileiro, surge entre
elas:
Caboclos - que homenageia o guerreiro nativo, forte e profundo conhecedor da natureza;
Preto Velho - que se caracteriza pela
sabedoria, paciência, bondade e humildade dos anciãos das senzalas;
Crianças - que mostra a pureza infantil e a necessidade
de fazê-la ressurgir em nosso íntimo.
Como a estrutura de trabalho espiritual tem como objetivo a
evolução da humanidade, novas linhas de trabalho foram se apresentando
gradualmente acompanhado as mudanças
do meio social para atender as necessidades humanas. Entre as que surgem, encontra-se
a de Baianos, linha que faz referência
as origens de um povo que é a cara do Brasil. A Bahia e seu povo sintetiza a diversidade que existe no Brasil, tanto em relação aos
seus valores culturais, quanto aos religiosos.
Os Baianos são um povo fraterno,
fervoroso, persistente, alegre, festeiro, cheio ginga, ritmo e magia, e a linha reflete tudo isto.
Homenageia ainda os antigos Pais e Mães de Santo da Bahia, que
foram os primeiros a trabalhar, e muito, para a divulgação e preservação do
culto aos Orixás em uma época de muitos preconceitos e dificuldades.
Durante um longo tempo os trabalhos da linha de Baiano foram visto
com desdém e restrições, no entanto, com
a persistência característica deste povo, aos poucos foram preenchendo de forma exemplar o espaço que lhes foi dado pelo astral.
Na Umbanda a linha dos Baianos pertence à chamada linha das
Almas, a mesma dos Pretos Velhos. Linha
que traz mensagens de conforto, fé e de como lidar com as adversidades de nosso dia a dia,
além de muito conhecimento sobre ervas e axé.
É uma linha formada por espíritos alegres e brincalhões, que
adoram desmanchar demandas, são conselheiros, orientadores, além de ótimos ouvintes. É a alegria de um povo sofrido que não perde
a esperança, mostrando uma fé inabalável e grande experiência para
lidar com problemas que fazem os nossos parecer brincadeira.
A gira é sempre muito
animada, pois trazem sua energia positiva e sua vontade de ensinar. Possuindo
sempre uma resposta na ponta da língua, nos mostram uma forma de encarar e
enfrentar os problemas do cotidiano, de como
amparar ao próximo, e ainda
transformar a tristeza em alegria e esperança.
Costumam ser carinhosos e passam muita segurança, no entanto
não levam desaforo para casa, sendo comum presenciarmos estas entidades desviarem
assuntos relacionados a trabalho, dinheiro, ou qualquer outro, para perguntar
sobre assuntos relativos ao coração. Como
o povo sofrido que foram, sabem que sanado
os problemas de relacionamento, os demais acabam como que por mágica.
Com certeza a principal característica desta linha é sua
capacidade de ouvir, conversando muito e
com sua fala mansa, transmitem confiança e alegria aos que buscam seu auxílio e
tem fé.
Ensinam muitas coisas, entre elas, a não se estagnar diante dos problemas, a
não lastimar, agradecer pela vida e seguir em frente, confiar na providência
divina, manter bons sentimentos e pensamentos, e não olhar só para seu próprio umbigo.
Desta forma os Baianos chegam e nos conquistam, desarmam
nossas defesas emocionais e mentais, auxiliam nossa evolução espiritual e material,
empregando todo o seu conhecimento e elevação.
Quando os Baianos chegam, ouvindo e direcionando os consulentes em seu
sofrimento, estão fazendo muito mais que aliviar dores, estão mostrando que
cada povo tem seu valor, sua bagagem cultural, sua maneira de fazer o bem, e que todos podem
contribuir para o progresso comum.
Mostram que as diferenças não são ruins,
pois o que de fato importa são os valores que carregamos em nosso íntimo.
Sem alarde e de forma simples, os guias da Umbanda, entre
eles o povo Baiano, nos ensinam e auxiliam, mostrando que somos todos parte de uma única raça, a “Raça Universal dos
Filhos de Deus”.
Salve os Baianos!
Salve a Bahia de Todos os Santos!
Por: Valéria Braz
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