sábado, 13 de outubro de 2012

O Bem Disposto



Zezinho era um tipo de pessoa que vocês iriam adorar. Ele sempre estava de alto astral e sempre tinha algo otimista para dizer. Quando alguém perguntava a ele "Como vai você?", ele respondia: "Cada vez melhor: Melhor que isso, só dois disso!".
Ele era o único gerente de uma cadeia de restaurantes, porque todos os garçons seguiam seu exemplo. A razão dos garçons seguirem Zezinho era por suas atitudes. Ele era naturalmente motivador. Se algum empregado estivesse tendo um mau dia, Zezinho prontamente estava lá mostrando ao empregado como olhar o lado positivo da situação.
Observando seu estilo me sentia realmente curioso, então um dia eu perguntei para Zezinho:
- Eu não acredito!! Você não pode ser uma pessoa otimista o tempo todo. Como você consegue?
- Toda manhã eu acordo e digo a mim mesmo: Zezinho você tem duas escolhas hoje: escolher estar de alto astral ou escolher estar de baixo astral. Então eu escolho estar de alto astral. 
A todo momento acontece alguma coisa desagradável, e posso escolher ser vitima da situação ou  aprender algo com isso. Escolho aprender algo com isso! Todo momento alguém vem reclamar da vida comigo, eu posso escolher aceitar a reclamação, ou apontar o lado positivo da vida para a pessoa. Eu escolho apontar o lado positivo da vida.
- Tá certo!! Mas não é tão fácil assim!!
- É fácil sim. A vida consiste em escolhas. Quando você tira todos os detalhes e enxuga a situação, o que sobra são escolhas, decisões a serem tomadas. Você escolhe como reagir as situações. Você escolhe como as pessoas irão afetar no seu astral. Você escolhe estar feliz ou triste, calmo ou nervoso. 
Em suma: É escolha sua como você vive sua vida!
Eu refleti no que Zezinho disse.
Algum tempo depois eu deixei o restaurante para abrir meu próprio negocio. Nós perdemos contato, mas freqüentemente eu pensava nele quando eu tomava a decisão de viver ao invés de ficar reagindo as coisas.
Alguns anos mais tarde, eu ouvi dizer que Zezinho havia feito algo que nunca se deve fazer quando se trata de restaurantes, ele deixou a porta dos fundos aberta e consequentemente foi rendido por 3 assaltantes armados.
 Enquanto ele tentava abrir o cofre, sua mão, tremendo de nervoso errou a combinação. Os ladrões entraram em pânico, atiraram nele e fugiram. Por sorte, Zezinho foi encontrado relativamente rápido e foi levado as pressas ao pronto-socorro local. 
Depois de 18hs de cirurgia e algumas semanas de tratamento intensivo, Zezinho foi liberado do hospital com alguns fragmentos de balas ainda em seu corpo. Encontrei com Zezinho 6 meses depois do acidente. Quando eu perguntei: “Como vai você?" ele respondeu: "Cada vez melhor: Melhor que isso, só dois disso!! Quer ver minhas cicatrizes?"
Enquanto eu olhava as cicatrizes, eu perguntei o que passou pela mente dele quando os ladrões invadiram o restaurante.
- A primeira coisa que veio a minha cabeça foi que eu deveria ter trancado a porta dos fundos. Então, depois quando eu estava baleado no chão, eu lembrei que eu tinha duas escolhas: eu podia escolher viver ou podia escolher morrer. Eu escolhi viver.
- Você não ficou com medo? Você não perdeu os sentidos?
- Os paramédicos eram ótimos. Eles ficaram o tempo todo me dizendo que tudo ia dar certo, que tudo ia ficar bem... Mas, quando eles me levaram de maca para a sala de emergência e eu vi as expressões no rosto dos médicos e enfermeiras eu fiquei com medo. Nos seus olhos eu lia: "Ele é um homem morto". Eu sabia que tinha que fazer alguma coisa.
- O que você fez? 
- Bem, havia uma enfermeira grande e forte me fazendo perguntas. Ela perguntou se eu era alérgico a alguma coisa e eu respondi que sim. Os médicos e enfermeiras pararam imediatamente esperando  minha resposta, eu respirei fundo e respondi: "Balas!". Enquanto eles riam eu disse: " Eu estou escolhendo viver. Me operem como se estivesse vivo, não morto. " 
Zezinho sobreviveu graças a experiência e habilidade dos médicos, mas também em função de sua atitude espetacular. 
Eu aprendi com ele que todos os dias temos que escolher viver a vida em sua plenitude, viver por completo.

Vamos escolher viver nossa vida com alegria e sabedoria!

Fonte: www.contoseparabolas.no.sapo.pt

sábado, 6 de outubro de 2012

Espiritualidade: Mente sã em um corpo são


Vou pedir licença ao poeta Romano Juvenal, para utilizar uma de suas frases mais famosas, dentro do contexto que eu quero construir. “Mens sana in corpore sano” foi escrita como parte integrante de um texto que tenta explicar o que as pessoas deveriam desejar na vida. Para mim, trata de uma expressão que implicitamente fala de equilíbrio. Equilíbrio entre o corpo, nossa parte física e palpável, e a mente, o lado imaterial, espiritual, de cada um. Estar saudável, então, passa a significar algo além dos resultados positivos nos exames médicos de rotina. Ganha um significado maior, que traduz um estado no qual tanto o corpo quanto a mente trabalham em sintonia.
A palavra espiritualidade tem hoje uma conotação pejorativa. Muitos fazem uma associação equivocada e imediata à religião. É como se o cuidado com a espiritualidade tivesse necessariamente de passar por visitas frequentes a algum templo religioso. Não, necessariamente, na minha compreensão de espiritualidade. Cuidar do corpo é até fácil, nos basta fazer os tais exames periódicos, adotar uma alimentação saudável e construir uma rotina que englobe exercícios físicos constantes. Mas cuidar do nosso lado imaterial não é tão simples assim e vai exigir da gente um esforço maior, uma dedicação ao “eu”.
O ser humano precisa sempre cuidar e orientar seu desejo
para que ao passar pelos vários objetos de sua realização – é irrenunciável que passe – não perca a
memória bem aventurada do único grande objeto que o faz descansar, o Ser,
o Absoluto, a Realidade fontal, o que se convencionou chamar de Deus.
O Deus que aqui emerge não é simplesmente o Deus das religiões,
mas o Deus da caminhada pessoal, aquela instância de valor supremo,
aquela dimensão sagrada em nós, inegociável e intransferível.
Essas qualificações configuram aquilo que, existencialmente, chamamos de Deus.

Leonardo Boff
Falar de espiritualidade exige uma compreensão maior do ser humano, a de que ele é resultado da conjugação de espírito e corpo. Boff alerta para a visão atual, distorcida, de que há uma dualidade entre estes dois vértices. “Perdeu-se a unidade sagrada do ser humano vivo que é a convivência dinâmica de matéria e de espírito entrelaçados e inter-retro-conectados”, é o que ele diz em um de seus textos que tratam da espiritualidade. O que sinto diariamente é que precisamos mesmo entender a importância desta conexão. Hoje estamos mais preocupados com o corpo sarado, o cabelo arrumado, o seio empinado. Esquecemos que nosso interior também precisa de cuidado, e é muito mais delicado.Não acho que seja fácil se distanciar deste mundo insano, dos barulhos diários, do tic-tac do relógio, das buzinas dos carros, por exemplo. É complexo. Muito, até. Mas é necessário, e quando conseguirmos perceber isso talvez encontremos uma forma de chegar a este estágio de interiorização, do encontro consigo e com Deus, o Deus maior que não está preso aos alicerces de uma igreja qualquer. Nesse processo, o silêncio é importante, a meditação é importante, a concentração em nossas próprias energias também.  Imprescindível é se afastar da aceleração social, buscar um lugar calmo, tranquilo, sossegado, aquele lugar que transpira paz.
Por fim o ser humano possui profundidade.
Tem a capacidade de captar o que está além das aparências, daquilo que se vê, se escuta,
se pensa e se ama. Apreende o outro lado das coisas, sua profundidade.
As coisas todas não são apenas coisas. Todas elas possuem
uma terceia margem. São símbolos e metáforas de outra realidade
que as ultrapassa e que elas recordam.

Leonardo Boff
Podemos nos esforçar um pouco mais. Podemos aceitar essa complexidade do nosso ser. Podemos, depois disso, buscar a mente sã em um corpo são. É só dedicarmos um pouquinho do nosso tempo àquele momento da consciência que nos ajuda a compreender o sentido e o valor do mundo, que nos ajuda a nos compreender como parte de um todo. Boff fala na necessidade de o homem “experimentar a sua própria profundidade”. Gente, o que eu estou falando aqui é de uma atitude nova. Mas uma atitude em relação a você mesmo. Pode parecer bobagem, exagero, insignificância… mas nós não precisamos deixar apenas parecer, se podemos praticar e tirar as nossas conclusões com relação a isso.
Esse post daqui é um convite. Um convite para que todos nós nos dediquemos um pouco mais ao que os outros não podem ver com os olhos, mas podem sentir com suas almas. A gente pode se despir dos preconceitos e pensar na ideia. Pelo menos pensar na possibilidade de sair dessa loucura em algum momento da sua semana, do mês, e colocar em prática a possibilidade de dedicar estes momentos a cuidar do seu interior. Não tem uma fórmula secreta, porém há iniciativas. Uma oração, uma meditação, alguns momentos dedicados à reflexão… Que tal?
                                                                                                                                          Alane Virgínia

sábado, 29 de setembro de 2012

O Ponto Negro

Certo dia, um professor chegou na sala de aula e disse aos alunos para se prepararem para uma prova relâmpago.
Todos acertaram sua filas, aguardando assustados com o teste que viria.
O professor foi entregando a folha da prova com a parte do texto virada para baixo, como era de costume.
Depois que todos receberam, pediu que desvirassem a folha.

Para surpresa de todos, não havia uma só pergunta ou texto, apenas um ponto negro no meio da folha.
O professor analisando a expressão de surpresa que todos faziam, disse o seguinte:
- Agora vocês vão escrever um texto sobre o que estão vendo.
Todos os alunos confusos começaram a difícil e inexplicável tarefa.
Terminado o tempo, o mestre recolheu as folhas e colocou-se na frente da turma e começou  a ler as redações em voz alta.
Todas sem exceção, definiram o ponto negro, tentando dar explicações por sua presença no centro da folha.
Terminada a leitura, a sala em silêncio, o professor então explicou:
- Esse teste não será para nota, apenas serve de lição para todos nós.
Ninguém na sala falou sobre a folha em branco. Todos centralizaram suas atenções no ponto negro.
Assim acontece em nossas vidas!
Temos uma folha em branco inteira para observar e aproveitar, mas sempre nos centralizamos nos pontos negros.
A vida é um presente de Deus dado a cada um de nós com extremo carinho e cuidado.
Temos uma folha em branco de motivos para comemorar sempre.
A natureza se renova com os amigos que se fazem presente, o emprego que nos dá sustento, os milagres que diariamente presenciamos.
No entanto, insistimos em olhar apenas para o ponto negro.
O problema de saúde que nos preocupa, a falta de dinheiro, o relacionamento difícil com um familiar, a decepção com um amigo.
Os pontos negros são mínimos em comparação com tudo aquilo que temos diariamente, mas são eles que povoam nossa mente.
Tire os olhos dos pontos negros de sua vida, aproveite cada benção, cada momento que o Criador te deu!

Tranquilize-se e se permita ser FELIZ.

sábado, 22 de setembro de 2012

Sofismas




Preocupa-me ver as pessoas não perceberem que contribuem com aquilo que desprezam. Explico...

Vários foram os locais onde vi pessoas do bem postando e compartilhando uma frase que é um verdadeiro sofisma, a qual diz, em suma, que serão gentis com quem se relaciona com elas se estas forem gentis primeiro. Essa afirmação PARECE dizer que se retribuirá um bom (gentil) comportamento com outro bom comportamento, o que seria, APARENTEMENTE, um estímulo ao relacionamento educado e saudável.

Mas sou altamente crítica quando a mim mesma e tendo opiniões formadas divergentes de muitos, possuo coragem de dizer publicamente que não é assim.

Quando conheci o Cristo, uma das primeiras coisas que consegui absorver foi que não se faz ao outro o que não gostaríamos que nos fizessem. Jesus nunca disse em complemento "mas se teu irmão for agressivo, seja igualmente e ele aprenderá". Vejo que atitudes do estilo "te trato como me tratas" somente estimulam a indiferença, o desrespeito, a vingança, o desamor, a desconfiança, provocando um círculo vicioso sem fim.
Por isso afirmo que ser gentil somente com quem é gentil conosco, ainda que não tenhamos preconceito algum contra eles, é agir contra os preceitos cristãos. Entendo que gentileza é uma VIRTUDE que nasce na alma e é usada sem restrições ou motivações externas, ela existe porque é certo tratar bem o nosso próximo, ainda que ele seja bruto no trato, desagradável no falar, rústico em seus pensamentos, agressivo em sua forma de ser.

Sem dúvida não é fácil, ainda, para quem carrega imperfeições fundadas no orgulho, característica da maioria dos indivíduos na humanidade, "engolir em seco" a má educação alheia. Mas enquanto nos permitirmos ser algo que achamos ruim porque o outro nos impõe isso, ou melhor, enquanto nos permitirmos dar apenas em retribuição, nunca sendo os primeiros a exemplificar, não conseguiremos possuir as virtudes que almejamos, a evolução que buscamos, a paz que lutamos por merecer e ver florescer no mundo.

Quanto aos outros, que sejam como são.
Quanto a mim, serei o que concluí que é certo ser.
Isso significa ser uma pessoa boa sem que ninguém precise sê-lo antes de mim.
É para aprender a aplicar isso que estou viva...

By Vania Mugnato de Vasconcelos
Fonte: http://espiritismoumbanda.blogspot.com.br/search?updated-min=2012-01-01T00:00:00-04:00&updated-max=2013-01-01T00:00:00-04:00&max-results=1

sábado, 15 de setembro de 2012

Culpado ou Inocente


Conta uma antiga lenda que na Idade Média um homem muito religioso foi injustamente acusado de ter assassinado uma mulher.
Na verdade, o autor do crime era pessoa influente do reino e, por isso, desde o primeiro momento se procurou um “bode expiatório” para acobertar o verdadeiro assassino. O homem foi levado a julgamento, já temendo o resultado: a forca.
Ele sabia que tudo iria ser feito para condená-lo e que teria poucas chances de sair vivo desta história. O juiz, que também foi comprado para levar o pobre homem à morte, simulou um julgamento justo, fazendo uma proposta ao acusado para que este provasse sua inocência.
- Sou de uma profunda religiosidade e por isso vou deixar sua sorte nas mãos do Senhor: vou escrever num pedaço de papel a palavra INOCENTE e no outro pedaço a palavra CULPADO. Você sorteará um dos papéis e aquele que sair será o veredicto. O Senhor decidirá seu destino – determinou o juiz.
Sem que o acusado percebesse, o juiz preparou os dois papéis, mas em ambos escreveu CULPADO de maneira que, naquele instante, não existia nenhuma chance de o acusado se livrar da forca. Não havia alternativas para o pobre homem.
O juiz colocou os dois papéis em uma mesa e mandou o acusado escolher um.
O homem pensou alguns segundos e, pressentindo a “vibração”, aproximou-se confiante da mesa, pegou um dos papéis e rapidamente colocou na boca e engoliu.
Os presentes ao julgamento reagiram surpresos e indignados com a atitude do homem.
- Mas o que você fez? E agora? Como vamos saber o seu veredicto?
- É muito fácil. – respondeu o homem – Basta olhar o outro pedaço que sobrou e saberemos que acabei engolindo o contrário. Imediatamente o homem foi liberado.


MORAL DA HISTORIA: Por mais difícil que seja uma situação, não deixe de acreditar até o último momento. Saiba que, para qualquer problema, há sempre uma saída. Não desista, não entregue os pontos, não se deixe derrotar. Vá em frente apesar de tudo e de todos, creia que pode conseguir.


Fonte: www.josiasmoura.com

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Preto Velho



Com certeza a mais carismática entidade que povoa os terreiros de Umbanda.

A mística do Preto Velho é fruto de condições e circunstâncias únicas em terras brasileiras, a sofrida vida dos escravos, trazidos da África, já bastante documentada e comentada, fazia com que os indivíduos, em função do penoso e extenuante trabalho a que eram submetidos, somado aos maus tratos, vivessem, em média, somente sete anos após sua chegada ao Brasil. As mudanças no panorama econômico brasileiro, como a decadência do ciclo da cana-de-açúcar e a redução da atividade mineradora, fizeram com que uma grande leva de escravos migrados, para os centros urbanos, pudesse levar uma vida mais amena e conseguisse ter uma expectativa de vida mais longa. Mesmo assim as condições de salubridade, nesta época, não favoreciam a longevidade.

Então surge a figura daquele escravo que, apesar das suas condições de vida, alcança idade avançada, personificando o patriarca da raça, cuja sapiência parece lhe ser conferida pelos cabelos brancos. Nas sociedades tradicionais, a figura do idoso é um símbolo da experiência de vida e um pilar da cultura do grupo a que pertence; aquele que deve ser ouvido e cujos conselhos devem ser seguidos. Vemos, portanto, o aparecimento de uma entidade cuja linha de trabalho é marcada pela tolerância, rústica simplicidade e um profundo sentimento de caridade. Só quem sofreu na carne as desventuras da vida, pode entender ou se aproximar da compreensão do sofrimento alheio, porque é possível responder a toda violência sofrida, com amor, sem nenhum sentimento revanchista ou de vingança.

A forma como se apresentam nos terreiros de Umbanda, através dos médiuns, é como uma pessoa muito idosa, curvada pelos anos. Às vezes apoiado em uma bengala, com uma voz meiga, algo paternal que atrai a confiança e simpatia de quem ouve. Com movimentos lentos, típicos de um ancião, geralmente sentam-se em um pequeno banquinho ou num pedaço de tronco, fumando seu cachimbo de barro ou um cigarro de palha, queimando seu fumo de rolo.

A linha dos Pretos Velhos está dentro da “falange das almas”. Seres desencarnados que alcançaram uma luz espiritual e retornam, através dos médiuns, ao plano terreno, numa missão de caridade, como que resgatando uma dívida espiritual, ajudando os necessitados, tanto na parte física, com passes magnéticos, defumações e indicando ervas curativas, como na psicológica, com conselhos e amparo afetivo, praticando a bondade incondicional que lhes é inerente.

Devido ao seu modo peculiar de falar, com erros de gramática e concordância e com expressões roceiras, que demonstra a falta de instrução formal, os Pretos Velhos são menosprezados por alguns, como espíritos atrasados e de pouca luz. Porém  a exatidão do português e o lirismo das palavras não indicam a elevação espiritual de ninguém, os grandes vultos da história da humanidade, que possuíam uma retórica exemplar e uma personalidade magnética, foram grandes genocidas, como Hitler e tantos outros e que, se pudessem dirigir alguma mensagem mediúnica poderiam parecer espíritos bastante iluminados. A qualidade da mensagem espiritual está no conteúdo, na compaixão que transparece nos atos e não na forma mecânica de sua construção.

Estas entidades, verdadeiros psicólogos, que falam a língua dos pobres e lhes tocam o coração, são grandes curadores no plano físico e espiritual, usando seu conhecimento fitoterápico com defumações e banhos de limpeza astral, são mais eficientes em sua caridade do que os discursos filosóficos de uma intelectualidade distante da realidade. Quando falamos dessa grande falange, referimo-nos também às entidades do gênero feminino, que povoam os terreiros com sua graça e candura, as Preta Velha.


Os olhos vêem um velhinho(a) negro(a) alquebrado(a) pela idade e pela vida, usando às vezes um chapéu de palha, outras um pano enrolado na cabeça, sentados num banquinho fumando seu cachimbo, rindo e bebendo suas bebidas preferidas. Se tornam quase um membro da família, aquele vovô ou vovó sábio(a) e bondoso(a) que todos gostariam de ter. É quando todas as barreiras caem e as pessoas entregam, aos seus ouvidos pacientes, suas histórias e mazelas, sem nenhum pudor de confessar fracassos ou desilusões. Por que não se sentem falando a um estranho, mas a alguém que parece conhecê-los desde o início de suas vidas.

Carinhosamente, também chamados de pai preto ou mãe preta, estes guias ensinam uma importante lição de humildade e resignação diante das adversidades da vida, sem perder a alegria e o bom humor. É comum ouvir, dos mesmos, observações jocosas a respeito dos problemas simplificando o que parecia complicado, dando esperanças para fortalecer psicologicamente seu consulente, porque sabe que se fraquejarmos na lida da vida, os problemas se tornam maiores e não suportamos o fardo.

A grande lição que ensinam estas entidades é que colhemos o que plantamos, e esta é uma grande oportunidade para rever os erros cometidos e tomar consciência da nossa responsabilidade por nós mesmos na busca da felicidade.

Compilado do texto de:  Antônio Basílio Filho

Fonte: Blog Povo de Aruanda
Fonte da Imagem: Google

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Pomba-Gira na Umbanda



Na Umbanda, a entidade espiritual que conhecemos como Pomba-gira está fundamentada num arquétipo desenvolvido à partir da entidade Bombogira, originária do culto Angola.

Quando da vinda dos nigerianos para o Brasil (isto por volta de 1800), ao encontrar-se com outros povos e culturas religiosas se assimila a poderosa Bombogira angolana que, muito rapidamente, conquistou o respeito dos adoradores dos Orixás.

Com o passar do tempo a formosa e provocativa Bombogira conquistou um grau análogo ao de Exu e muitos passaram a chamá-la de Exu Feminino ou de mulher dele e a palavra Bombogira se transforma por adaptação da língua, em Pomba-gira.

Mas ela, marota e astuta como só, foi logo dizendo que era mulher de sete Exús, uma para cada dia da semana, e, com isso, garantiu sua condição de superioridade e de independência.

Na verdade, num tempo em que as mulheres eram tratadas como inferiores aos homens e eram vítimas de maus tratos por parte dos seus companheiros, que só as queriam para lavar, passar, cozinhar e cuidar dos filhos, eis que uma entidade feminina surge e extravasava o ‘eu interior’ feminino reprimido à força e dando  vazão à sensualidade e à feminilidade subjugadoras do machismo, até dos mais inveterados machistas.

Pomba-gira construiu o arquétipo da mulher livre das convenções sociais, liberal e liberada, exibicionista e provocante, insinuante e desbocada, sensual e libidinosa, quebrando todas as convenções que ensinavam que todos os espíritos tinham que ser certinhos e incorporarem de forma sisuda, respeitável e aceitável pelas pessoas e por membros de uma sociedade repressora da feminilidade.

Ela foi logo se apresentando como a “moça” da rua, apreciadora de um bom champagne e de uma saborosa cigarrilha, de batom e de lenços vermelhos provocantes.

Escrachada e provocativa, ela mexeu com o imaginário popular e muitos a associaram à mulher da rua, à rameira oferecida , e ela não só não foi contra essa associação como até confirmou: “É isso mesmo”!

E todos se quedaram diante dela, de sua beleza, feminilidade e liberalidade, e como que encantados por sua força e coragem.

É comum as pessoas confundirem o trabalho de Exú e Pombas-gira na Umbanda, pois estas entidades são, não raramente, confundidas com espíritos de  vibração inferior. Ao ver uma gira, muitos que ainda não conhecem o verdadeiro poder dessas entidades se assustam com as feições, risadas e maneira de falar destes fortes guias.

Exú e Pomba-gira são espíritos em busca de evolução, compromissados com a espiritualidade superior. Os médiuns bem preparados são um ótimo caminho para que estas entidades trabalhem, aprendam e pratiquem a caridade de forma correta, alinhada, com a única vontade de fazer o bem ao próximo.

São entidades de muita força, geralmente ligadas às forças básicas. Quem já passou por uma gira de Exú e Pomba - gira sabe que um descarrego  feito por um eles é como "tirar com as mãos" aquela sensação pesada das nossas costas.

Encarregados de transportar as forças, essas entidades são simples no falar e no agir. Muitas vezes são tão diretas que nos assustam. Algumas vezes, ouvimos coisas que não queremos ouvir, mas suas mensagens são apropriadas para o momento e devemos refletir sobre o que nos disseram.

A imagem associada às entidades que fumam e bebem, dançam e giram e por vezes soltam suas risadas não significa que são zombeteiras e que procuram fazer o mal. A bebida e o fumo são catalisadores da energia espiritual dessas entidades em nosso mundo, fazendo o seu trabalho através de coisas materiais, assim como qualquer entidade usa o corpo do seu médium para trabalhar. Vale lembrar que isto não é uma regra: Nem toda Exú ou Pomba-gira fuma ou bebe. Isso não os faz menos poderosos. Cada entidade tem sua forma de trabalhar, que deve ser respeitada.

Muitos confundem Exú e Pombas-gira com obsessores. Estes espíritos obsessores não podem e não devem ser classificados como exú. Geralmente, a própria pessoa que está com este tipo de perturbação é que dá vazão para a aproximação de espíritos inferiores, que drenam sua energia com base nas suas tristezas, vícios, raiva, ódio, sentimentos inferiores. Antes de colocar a culpa das perturbações em um espírito, as pessoas devem avaliar-se  primeiro, suas condutas, seus pensamentos, seus desejos.

No veio dos pensamentos de cada um tem pensamentos bons e pensamentos ruins. É natural do nosso livre arbítrio. Cabe a nós, a cada dia, a cada momento, decidir o que queremos ser, o que queremos seguir. Dar vazão aos pensamentos bons nos faz agir de forma boa, positiva. Com isso, atraímos forças boas que a cada dia vão nos abençoar e nos iluminar, gerando um ciclo de aproximação de bons espíritos, mostrando um caminho de luz e paz.

Se nos voltarmos ao nosso lado escuro, os pensamentos ruins, o ódio, raiva, ciúmes, rancor, estamos atraindo energias similares. Estas vão criar uma aura ao nosso redor com as energias similares à que estamos vibrando. Cabe a cada indivíduo escolher o caminho que deseja seguir.

Ao procurar um descarrego, a pessoa deve ter em mente que o trabalho não começa e nem termina ali. O Exú ou Pomba-gira fará a limpeza, levará o que puder levar e com certeza a pessoa sentirá uma melhora imediata. Mas isso não significa que está tudo bem e que podemos voltar a nossa vida de pensamentos ruins.

Se não pensarmos positivamente e atrair energias boas, não levará muito tempo para que as sensações de perturbação voltem, e muitos vão pensar que o descarrego "não deu certo". Certamente, a entidade fez a parte dela. Falta fazermos a nossa.

Nem Exú nem a Pomba-Gira fazem amarrações para o amor. Não prometem que vão trazer a pessoa amada em determinado número de dias. O respeito ao livre arbítrio é uma condição celestial e nenhuma entidade da Umbanda está autorizada a interferir nas escolhas de outrem para o benefício de um.

Claro, se você tem problemas sentimentais, dificuldade para encontrar um relacionamento ou estabelecer relações, você pode pedir ajuda! Uma Pomba-Gira certamente ficará honrada em trazer sua luz, energizando e abrindo caminho para que você encontre o seu caminho, na forma de seu merecimento.

Não tenha vergonha de pedir ajuda. O primeiro  passo para conseguir o que você precisa é reconhecer que precisa disso, e que ajuda é bem-vinda. Procure seu centro de confiança, avalie, pergunte, e converse com os guias que você gosta. Eles poderão te orientar e iluminar para que seus anseios sejam resolvidos.

Lembre-se que nem tudo que desejamos podemos  ter. Na Umbanda (e não só nela), vale a lei do merecimento. Alguns desejos estão além do que podemos ter no momento, e é sábio aquele que reconhece que alguns fardos são para nosso próprio aprendizado. Quanto mais rápido aprendermos, mais rápido passamos para o próximo passo.


Com isso, saudamos os Exús e as Pombas-Giras na sua formosura, simplicidade e dedicação para ajudar nós, os seres humanos, a alcançar mais um nível na compreensão universal e seguirmos em paz pelo nosso caminho.


Texto montado a partir das seguintes fontes:
http://www.colegiodeumbanda.com.br - Texto de Rubens Saraceni "Pombagira de Umbanda"
http://pontosdeumbanda.blogspot.com.br - Texto "Exú e Pomba-Gira na Umbanda"

Fonte das Imagens: Google