sábado, 3 de novembro de 2012

Umbanda - Origem e Sessão



As raízes da umbanda são ainda um grande mistério e não se tem como saber ao certo onde surgiu enquanto crença, o que se observa são as muitas semelhanças com os cultos afro brasileiros,  com as crenças dos negros escravizados, com a cultura indígena, sem falar nas semelhanças com as raízes dos cultos africanos.
O que se pode afirmar é que  possuem em comum a crença nas forças da natureza,  e   que o equilíbrio destas  forças é  capaz de modificar as energias ruins e revitalizá-las. Estes elementos da natureza, na Umbanda, são chamados de Orixás e cada um deles irá vibrar em seu elemento,  água, terra, fogo, ar, etc.
Embora estas crenças existam à muito tempo, a versão mais aceita sobre a origem da Umbanda é a que foi documentada pelo médium Zélio Fernandino de Morais, que em 15 de novembro de 1908 recebeu a entidade denominada Caboclo das Sete Encruzilhadas, que segundo afirmou, seria o responsável por ajudar a criar e difundir a religião que hoje conhecemos por Umbanda.
A partir de então, sob a orientação da espiritualidade, foi surgindo várias tendas (terreiros, centro ou casas) por todo o Brasil. Acredita-se que este avanço tenha sido responsável pela imensa variedade de vertentes da Umbanda, que conforme a localidade foi inserindo movimentos de culturas próprias.

Embora o culto Umbandista possa diferir em seus rituais, conforme o local e vertente de que façam parte, todos estão alicerçados nas seguintes crenças:

 - Existência de uma força criadora universal;
- Obediência aos ensinamentos que versam sobre: fraternidade, respeito ao próximo, caridade  e amor   incondicional, sendo a caridade a máxima encontrada em todas;
- Culto aos Orixás;
- Médiuns como intermediários das entidades;
- Doutrinas e regras de conduta moral e espiritual;
- Crença na imortalidade da alma;
- Leis cármicas (ação e reação).

A Umbanda apresenta aspectos interessantes e que fogem ao tradicionalismo das religiões, e mesmo que não exista uma regra escrita, TODOS os Umbandistas possuem um Pai ou Mãe de Santo,  que é o dirigente do terreiro.
O interessante e peculiar é que não existe nomeação e nem eleição, mas feitura de santo, que é o que determina o Pai/Mãe de santo, e sua palavra tem poder de decisão. São seguidos e respeitados em função da força de seu conhecimento (estudos e camarinha).
Os dirigentes do terreiro sempre seguem a orientação de um Orixá, que é considerado o chefe espiritual da casa, e sob a orientação deste orixá o Pai ou Mãe de Santo define todas as normas e regras ditadas para o funcionamento da casa.
É certo que cada terreiro de Umbanda tem suas regras, filosofias e  adaptações do ritual, mas sempre  respeitando as crenças acima citadas.

O Centro de Umbanda Pai Jacó de Angola também adaptou sua forma de  trabalho , filosofia e regras, e nosso objetivo, além de dar uma ideia da origem da Umbanda, é mostrar o funcionamento da nossa casa.
Como na maioria dos terreiros de Umbanda, a roupa é branca, pois é  capaz de refletir todas as outras cores, os médiuns antes de entrarem no terreiro tomam banho de descarrego (limpeza), que nada mais é que “lavar” as energias acumuladas no dia de atividades fora do centro (terreiro/casa) de umbanda.
Antes de entrarmos no terreiro temos a obrigação de salvar as cangiras, que é quando pedimos proteção e licença ao povo que cuida de nossos caminhos e que fazem a linha de defesa de nossa casa, que são os Exús e Pombas Giras.
Após salvar as cangiras podemos entrar no centro onde acontecem as giras/sessões, e após colocarmos nossas guias, que são um escudo de proteção para os médiuns, devemos pedir proteção e licença ao nosso anjo da guarda e aos Orixás da casa para termos uma boa gira, fortalecidos pelo tripé do equilíbrio que é a fé, esperança e caridade.  
Cumprimentamos uns aos outros, saudando e desejando uma boa gira, logo em seguida inicia a defumação do terreiro, dos filhos de santo e da assistência. Com estes preparativos   fechamos a corrente,  que é na  posição de  perfilados.
Abrimos a gira com a oração de agradecimento, pedindo proteção, força, paz e amor para iniciarmos a transformação energética.
Chamamos  os Orixás da noite com os pontos cantados, que tem a função de vibrar a corrente com a energia desejada  para o inicio dos trabalhos.  Os pontos  cantados são como uma oração e um mantra pedindo que venham até nós.

Nossa sessão é dividida em duas partes, sendo a primeira consagrada aos Orixás, que são energias da natureza   que não viveram na terra e que incorporam com a ajuda dos pontos cantados específicos para cada um deles.  O objetivo é equilibrar as energias para os trabalhos de atendimento.
Lembram que comentamos acima que as energias da natureza em equilíbrio geram uma forte energia revitalizadora? É isto que eles fazem! E é por isso que sempre falamos que as energias já foram transformadas e revitalizadas.
Nesta parte da sessão é fundamental estarmos, médiuns e assistência, sintonizados com pensamentos de fé. Pois neste momento o terreiro os médiuns e a assistência estão sendo preparados e se preparando para receber as entidades, que são os espíritos evoluídos e em evolução que já viveram na terra e tem a responsabilidade de orientar e ensinar tanto os médiuns como a assistência.

Na segunda parte vamos trabalhar com os protetores, guias e/ou mensageiros que com o auxilio dos pontos cantados serão recebidos pelos médiuns e virão  com suas características energéticas específicas. Por exemplo: Pretos Velhos pedem, entre outras coisas, cachimbo para utilizar a fumaça,  que tem a função de defumar o consulente no momento do atendimento. Estas  características e ferramentas solicitadas por cada entidade devem ser respeitadas, pois são elas o  apoio para o cumprimento de seu principal compromisso, que é levar a cada um de nós orientação,  conforto, esclarecimento e transformação do campo energético.
Por isto, tantas vezes ouvimos sobre a necessidade de mudarmos de atitude,  são nossas atitudes e pensamentos que determinam nosso campo vibratório, atraindo as energias semelhantes, sejam elas boas ou ruins.
Assim como é atendida a assistência também serão atendidos os médiuns sempre que necessário. Lembrando que a transformação energética já aconteceu, sendo o atendimento um suporte a mais para o consulente ou para os médiuns, visando conforto, esclarecimento e orientação.

Terminados os atendimentos as entidades partem para aruanda e devem receber como agradecimento os  pontos cantados que irão auxiliar na partida. 
Finalizamos agradecendo pela gira/sessão e pedindo força e proteção para a semana.
Todos nós, em sinal de respeito e agradecimento novamente batemos cabeça aos orixás. Ao sairmos do terreiro salvamos as cangiras agradecendo aos nossos guerreiros mensageiros por terem nos protegido e defendido, ajudando a transformar as energias e possibilitando uma boa gira.

Em  nosso ritual, do começo ao fim, é importantíssimo o silêncio (uma forma de respeito) para que possamos manter a  concentração  nos trabalhos e que as energias renovadas não se dissipem, de forma a permitir estarmos  conectados com  as energias liberadas e benéficas e  que nos auxiliam  nas transformações necessárias e na manutenção do equilíbrio. 

Que juntos, médiuns e assistência, mentalizados no poder da fé , esperança e caridade possamos cumprir com a função que cabe a cada um de nós! 

Muita luz, saúde e paz a todos!

Autora: Valéria Braz
Revisão: Kika – Chefe do Terreiro

Fonte da Imagem: google

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