sexta-feira, 3 de maio de 2013

Uma Visão Psicológica do Amor e da Individualidade




O início deste século não foi marcado apenas pelo avanço tecnológico. As relações afetivas também estão passando por marcantes transformações e reformulando conceitos, como: amor, individualidade, felicidade, liberdade, religião e religiosidade.

O que se pretende hoje é uma relação afetiva compatível com os tempos atuais, na qual exista um equilíbrio harmônico de amor e liberdade, com alegria e prazer de estar juntos, respeitando a individualidade de cada um; não mais uma relação de dependência, numa relação egoísta e possessivo, em que um responsabiliza o outro pela sua felicidade.
Viver a ilusão de que o outro é o remédio para nossa felicidade, nascida do romantismo, não condiz com o século atual. O amor romântico parte do princípio que somos uma fração e precisamos encontrar a outra metade para nos sentirmos completos. Como se o Criador tivesse nos criado e nos partido ao meio para que ao longo de nossas existências ficássemos procurando a outra metade. Ilusão, pura ilusão.Durante muitos séculos a mulher foi a mais prejudicada por esta ilusão, abandonando suas características próprias, caindo num processo de despersonalização e se moldando aos projetos puramente masculinos.A falsa teoria de que quando duas pessoas se unem formam uma só pessoa e a ligação entre opostos vem dessa raiz. Duas pessoas jamais poderão formar uma só pessoa, pois somos seres individuais, únicos em essência divina e personalidade humana. Uma idéia prática de sobrevivência, porém pouco romântica, por sinal.“A palavra de ordem deste século é a parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo”. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.Em tempos modernos, exige-se cada vez mais tempo individual, com isso as pessoas estão perdendo o pavor de ficarem sozinhas, e aprendendo a conviver consigo mesma. Elas  estão começando a perceber que embora se sentem fração, são inteiras.O mundo em que vivemos é criação nossa, portanto, necessitamos adaptar-nos à nossa criação. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo, pelo contrário, vem para que o egoísmo possa ser extirpado da humanidade. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que suga do outro. O egoísta se julga incapaz de viver consigo mesmo. Sente-se incompreendido, vazio, vítima de um mundo cruel, desamparado e só. Revivendo em seu inconsciente o medo de perder o “jardim do Éden” ou paraíso da infância que não quer se desvencilhar. O egoísta sempre diz estar preocupado com o outro e promove para ajudá-lo; mas seu intento, embora oculto, é conhecer o outro para melhor controlá-lo ao seu bel prazer. Despertando, quase sempre, a culpa no outro, que irá alimentar o seu ego cheio de arrogância e orgulho disfarçado, quase sempre, de timidez.A nova forma de amor, de mais amor, tem nova feição e significado. Objetiva-se à aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. Porém, ela só é possível para aqueles que conseguiram trabalhar a sua individualidade. “Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva”.A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso, pelo contrário, dá dignidade à pessoa. As relações construídas entre dois inteiros, duas pessoas adultas, é saudável, pois ninguém exige ou cobra nada de ninguém e ambos crescem numa relação de diferentes.Relações de domínio e de concessões exageradas são coisas do século passado e tiveram sua validade naquele período. Cada pessoa é única, nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém. Temos a falsa idéia de termos encontrado nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-la ao nosso gosto. Moldar o outro para satisfazer nosso egoísmo e vaidade; deve dar lugar à individualidade e ajuda mútua.As pessoas necessitam ficar sozinha, vez ou outra, para estabelecer um diálogo interior e descobrir sua força pessoal, ampliando a visão de si mesma para melhor enxergar o mundo exterior. Nesse processo de individuação o Ser entende que a harmonia e a paz de espírito só podem advir de dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Nesta descoberta ele se torna mais observador e menos crítico, compreendendo melhor as diferenças e, assim, respeitando a maneira individual de ser de cada um.O amor incondicional só ocorre quando o indivíduo obtém consciência de sua individualidade e aprende a vivenciá-la, portanto, são pessoas inteiras que melhor consegue viver juntas. Nesta relação há aconchego, prazer da companhia e respeito pelo ser amado. O amor pleno acontece quando o indivíduo aprende também que, nem sempre é suficiente ser perdoado, algumas vezes, você precisa perdoar a si mesmo. Através do perdão se construí o amor que rompe as peias da ignorância do Ser para contemplar a liberdade, ainda que tardia, porém, merecedora. Ser livre não é fazer tudo que quer; mas ser responsável por aquilo que se faz. Aquele que experimenta sua individualidade constrói, de fato, sua liberdade rumo ao seu alvo maior: O Criador.O processo de autodescoberta se dá quando o indivíduo se permite viver a individualidade através do conhecimento de si mesmo, tornando-se um Ser consciente e íntegro para si mesmo. O Ser consciente renova-se sempre, partindo do ponto inicial da sua realidade psicológica, aceitando-se como é e aprimorando-se sem cessar. Essa lucidez é alcançada a partir da auto-análise individual ou através de ajuda do psicoterapeuta, disposto a encontra-se sem máscara, sem deterioração e sem medo. Para isso, não se julga, nem se justifica, não se acusa nem se culpa. Apenas descobre-se.Lembre-se: não basta crer, é preciso renovar-se sempre, sempre e sempre, pois somente os vencedores, vencem. Pense e haja como um vencedor e será um vencedor. Comece por vencer a si mesmo, aprendendo a permitir a vida que flui dentro de você. Aquele que conhece o outro é um sábio. Aquele que conhece a si mesmo é um iluminado. ILUMINE-SE.

Autor do texto: Dr. José Geraldo Rabelo
Fonte da imagem: Google

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